sábado, 30 de junho de 2007

Professores de Marilia (São Paulo) apoiam

Moção Encaminhada ao governo federal


Prezados senhores:


Vimos por meio do presente externar nossa preocupação e desacordo com a intervenção judicial nas empresas CIPLA e INTERFIBRA que, desde 1º de Novembro de 2002, encontram-se sob o controle e administração dos seus próprios trabalhadores.
Ainda mais preocupante é o fato do cumprimento da decisão judicial ter sido sustentada por um aparato policial federal de mais de 150 homens, e por intervenção solicitada em processo movido pelo INSS.
Somos professores-pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, Campus de Marília, São Paulo.
Em outubro de 2006, durante uma semana, estivemos na CIPLA colhendo materiais que nos permitissem compreender o que se passava na fábrica, investigando a organização do trabalho sob a gestão dos trabalhadores e, também, procurando detectar quais medidas educacionais estavam sendo adotadas para que os trabalhadores se adequassem à nova condição.
A investigação nos mostrou uma realidade surpreendente e em muitos pontos admirável. Os trabalhadores chegaram a essa condição porque se empenharam na defesa dos direitos trabalhistas e sociais que lhes estavam sendo denegados pelos proprietários originários e também, porque diante da difícil situação do mercado de trabalho, valorizaram sobremaneira os postos de trabalho que seriam perdidos com o fechamento iminente da fábrica sob a antiga administração.
Dada a situação falimentar do empreendimento, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores foram enormes. Contudo, munidos de determinação, capacidade de sacrifício pessoal e engenho, eles não apenas mantiveram a fábrica funcionando, como também conseguiram melhorar muitos quesitos da produção e da administração. Assim, em nossas observações in loco pudemos notar a boa organização da produção, a disciplina reinante, a estrutura democrática da tomada de decisões, e as várias atividades de educação inovadoramente engendradas pelo coletivo de trabalhadores.
Apuramos, também, que a maior parte da dívida contraída pelos proprietários originários da empresa - ora objeto de questionamento- foi com organismos do Estado. E, segundo os vários indícios levantados, esse tipo de endividamento constituiu uma espécie de estratégia por parte dos antigos gestores. No entanto, embora esse fenômeno tenha transcorrido durante anos, a empresa jamais foi alvo de intervenção, muito menos sob a forma drástica ora posta em prática.
Portanto, solicitamos imediatas providências dos Ministérios, para que seja suspensa a intervenção judicial, com o retorno da legítima direção da empresa eleita pelos trabalhadores, bem como com a assunção de medidas oficiais que possibilitem aos trabalhadores a viabilização do empreendimento e concomitante preservação de postos de trabalho inestimáveis.

Aguardando que o bom senso prevaleça.


Atenciosamente

CANDIDO GIRALDEZ VIEITEZ
NEUSA MARIA DAL RI

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